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Daft Punk + IA: por que a música nunca mais será a mesma

A história de "One More Time" mostra que ressignificar é o segredo

por Fabrício Lopes - 25/11/2025



A história da música eletrônica sempre avançou graças à capacidade de pegar algo que já existe e transformar em algo novo. Samplers, sintetizadores, drum machines, plugins, remixers, algoritmos… todas essas ferramentas fazem parte da mesma jornada evolutiva. Poucas músicas representam tão bem essa força de ressignificação criativa quanto “One More Time”, do Daft Punk — um clássico que nasceu de três acordes dos anos 70 e virou um símbolo mundial dos anos 2000.

O sample esquecido: Eddie Johns e a base do hit

Em 1979, Eddie Johns lançou “More Spell On You”, uma faixa cheia de groove e personalidade. Anos depois, Daft Punk isolaria três pequenos acordes desse som e transformaria isso no coração pulsante de “One More Time”. Tudo licenciado e dentro da lei, mas o dinheiro nunca chegou a Eddie. Em 2021 uma investigação do Los Angeles Times encontrou o músico vivendo em moradia assistida após anos de dificuldades e um derrame. A descoberta do sample não veio de advogados, mas da própria assistente social de Eddie, que reconheceu sua música em um vídeo no YouTube.
O Daft Punk garantiu que sempre pagou os royalties ao detentor oficial do master, reforçando que o problema nunca esteve na dupla francesa.

Por que “One More Time” continua gigante.

Mais de duas décadas depois, “One More Time” segue lotando pistas, tocando em rádios, dominando playlists e emocionando novas gerações. É uma faixa que simplesmente não envelhece, um daqueles raros momentos musicais que parecem ter sido feitos para atravessar o tempo sem perder força.

A aula de sample do Daft Punk

O processo de criação que transformou “More Spell On You” em “One More Time” se tornou quase um estudo de caso. Um vídeo amplamente compartilhado mostra como Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo pegaram três acordes da faixa original, reorganizaram a ordem, mudaram o tempo, aplicaram efeitos e criaram uma identidade completamente nova. Essa capacidade de transformar pouco em muito é uma das marcas mais fortes do Daft Punk e explica por que o duo se tornou um dos mais influentes da história da música eletrônica.

Da era dos samples à era da IA: a música segue evoluindo

O mesmo espírito de reinvenção que moveu Daft Punk agora vive em uma nova ferramenta: a inteligência artificial. Com poucos comandos de texto, é possível gerar letras , criar melodias inteiras ,separar canais e experimentar timbres, vozes e arranjos que antes eram inimagináveis.

IA como ferramenta de ressignificação, não substituição

Mesmo assim, nada disso funciona sem intervenção humana. A arte está em como o produtor usa essas ferramentas e não na ferramenta em si. Assim como o Daft Punk transformou três pequenos acordes em um fenômeno global, a IA permite que artistas criem novas obras com a mesma lógica de reinvenção — mas sempre com emoção, intenção e interpretação. A IA abre portas do mesmo jeito que o sampling abriu décadas atrás, e cabe aos artistas ressignificar essas possibilidades para criar novos sons, novas histórias e novas emoções.

O fio que conecta tudo: a criatividade humana

No fim das contas samples, máquinas, plugins, IA — é só ferramenta. O que realmente move a música é gente. É a curiosidade que faz alguém ouvir três acordes antigos e transformá-los em hino global. É a coragem de criar algo novo mesmo quando o mundo parece já ter ouvido de tudo.

Daft Punk fez isso lá atrás. Eddie Johns fez isso antes deles. E agora uma nova geração faz isso com a inteligência artificial na ponta dos dedos. Mas nada disso funciona sem o ingrediente que não se compra, não se baixa e não se programa: a alma de quem cria.

A tecnologia muda. Os nomes mudam. As plataformas mudam.
Só que a música continua sendo esse território onde a gente se reinventa sempre. Um lugar onde cada experimento é uma chance de dizer algo novo para o mundo.

E enquanto existir gente com essa vontade de criar, a música vai seguir viva.
One more time — e quantas vezes a gente quiser.

Fabricio Lopes

*Conteúdo sugerido por Levi Nicomedes

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