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Adeus a Jimmy Cliff, o Homem que Transformou o Reggae em Língua Universal

O impacto eterno de uma das vozes mais importantes da música

por Fabrício Lopes - 25/11/2025



Apesar da Central DJ ser focada em música eletrônica, tem momentos em que a gente precisa parar, respirar e reconhecer: existem artistas tão grandes que atravessam qualquer fronteira musical. 

Jimmy Cliff é um desses nomes. Uma lenda que influenciou DJs, bandas, produtores, cantores, e todo mundo que acredita que a música é uma força que transforma pessoas. Ele não fazia house, trance ou dance — mas ajudou a desenhar a alma de tudo o que veio depois.

Jimmy Cliff nos deixou aos 81 anos, e a notícia foi confirmada pela esposa, Latifa Chambers, em um comunicado emocionado. Um adeus simples, digno e carregado de amor. E é impossível não sentir essa perda — porque Jimmy era um símbolo de resistência, esperança e talento puro.

A história dele começa longe do glamour: nasceu James Chambers, em 1944, numa região pobre da Jamaica. Desde pequeno cantava na igreja, e aos 14 anos já estava sozinho em Kingston, buscando uma chance. Mudou até o sobrenome para Cliff, como quem olha para o penhasco e diz: “eu vou escalar”.

E escalou. Hurricane Hattie foi seu primeiro sucesso nas paradas jamaicanas. Mas foi o mundo que ele queria — e o mundo que ele conquistou. Com músicas como Wonderful World, Beautiful People, You Can Get It If You Really Want e a poderosa Vietnam (que Bob Dylan considerou a melhor canção de protesto já escrita), Jimmy Cliff ajudou a levar o reggae para além do Caribe, transformando um estilo local em linguagem universal.

Aqui no Brasil, ele virou trilha sonora de muita gente nos anos 80 com Reggae Night e Rebel In Me. Essas músicas entraram na memória afetiva do país e até hoje são lembradas.

Mas não foi só a música que expandiu o nome de Jimmy Cliff — foi o cinema também. Em 1972, ele estrelou Balada Sangrenta (The Harder They Come), um filme que praticamente apresentou a cultura jamaicana para o mundo. De repente, todo mundo queria entender de onde vinha aquele ritmo, aquele sotaque, aquele espírito.

Jimmy continuou viajando entre estilos, épocas e gerações. Colaborou com os Rolling Stones, voltou às paradas com I Can See Clearly Now nos anos 90, lotou festivais como Glastonbury e Coachella, ganhou Grammys, entrou para o Hall da Fama do Rock and Roll e foi condecorado na Jamaica com a Ordem do Mérito. Um currículo que parece roteiro de filme — mas que ele viveu com os pés no chão.

O mais bonito é que, mesmo com tanto reconhecimento, Jimmy sempre dizia que seu maior prêmio era ouvir histórias reais de pessoas transformadas pela sua música. Como o estudante que largou a escola, ouviu You Can Get It If You Really Want, voltou a estudar e depois virou professor. Para Jimmy, isso era “sucesso de verdade”.

E é por isso que a partida dele mexe tanto. Jimmy Cliff representava algo raro: a prova viva de que música boa não tem fronteira. 

A Central DJ sempre vai ser sobre música eletrônica, claro. Mas quando um titã como Jimmy Cliff se despede, o mundo da música inteira se curva. Porque a gente só existe hoje — com beats, sintetizadores, remixes e cultura de pista — porque artistas como ele mostraram que a música pode atravessar oceano, pele, tempo e geração.


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