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O DJ e a Kombosa: Uma história improvável e inspiradora

Como Jihad Zein perdeu tudo, encontrou uma velha Kombi 78 e transformou crise em recomeço

por Fabrício Lopes - 02/12/2025




Tem histórias que parecem lenda de DJ… mas são reais demais pra ignorar.

A de Jihad Zein, então, daria um filme daqueles que você assiste sorrindo no final.

Em 2024, no auge da guerra e da crise econômica no Líbano, Jihad perdeu praticamente tudo: o bar que era seu sustento, a renda, a rotina, o ponto de encontro que ele mesmo tinha criado. Um baque daqueles que desmonta qualquer um. Só que, no meio dos escombros, sobrou uma coisa: seu equipamento de DJ.

E foi aí que ele fez o que poucos fariam aos 50 anos. Ao invés de desistir, pegou um empréstimo, cruzou os dedos… e comprou uma Kombi 1978.

Sim, uma Kombosa raiz, daquelas que a gente reconhece de longe pela pinta simpática e teimosa.

Quatro meses depois do fim do bar, a velha Kombi estava transformada num palco móvel, com CDJs, luz, caixa de som e um DJ que se recusou a ser derrubado pelo caos. Ele estaciona onde quiser — praia, jardim, festa privada — abre a porta, liga o som e transforma qualquer canto em pista. Virou marca registrada, virou paixão e virou sobrevivência.

E olha que essa história começa lá atrás, quando Jihad tinha 14 anos e ficava grudado nos DJs das festas e rádios de Beirute. Observava tudo, mas nunca aprendeu de verdade. O jogo virou só em 2015, quando já dono de um bar, percebeu que queria tocar do jeito que imaginava — então decidiu estudar.

E quando começou a mixar, não parou mais.

O maior desafio no início nem foi a técnica: foi o público.

Ele precisava convencer a galera a sair dos hits dos anos 80/90 e embarcar aos poucos no house. Uma verdadeira “educação musical”, como ele mesmo brinca.

E essa habilidade — levar o público pela mão — ia ser essencial quando a Kombosa entrasse na vida dele.

Nessa caminhada, Jihad estudou como um louco. Buscou cursos, aprendeu técnicas, ampliou repertório, mergulhou até na produção. Mas teve um momento em que percebeu que estava indo rápido demais no mundo dos truques e efeitos, perdendo aquele contato puro com a música.

O que ele fez? Voltou ao básico.
Beatmatch no ouvido, feeling acima do visor, BPM sentido no corpo — não no display.

E então, quando a guerra derrubou o bar e o dinheiro sumiu, ele pegou sua paixão restaurada, colocou dentro da Kombi… e saiu viajando com ela.

Não quis esperar convite de clube, não quis pedir bênção de ninguém.

Criou o próprio caminho, do jeito mais simbólico possível: um DJ que dirige o próprio palco.

Hoje, ele toca em sunsets, brunches, festas íntimas, eventos privados e até dá aulas em volta da Kombosa. E tem um recado que ele repete pra quem acha que está “velho demais” pra começar:

“A idade não importa. Importa o estilo de vida. Comece quando quiser, mas só se for por amor.”

Matéria adaptada a partir de conteúdo original do Digital DJ Tips.

A história do Jihad e da Kombosa prova uma teoria minha: quando a vida emperra, às vezes ela só quer que você troque de marcha. Tem DJ que passa anos esperando convite… enquanto outro aparece dirigindo uma Kombi 78, abre a porta e transforma o estacionamento em festival. Simples assim.

Se não abrirem a porta pra você, buzina. Se mesmo assim ninguém ouvir… estaciona, liga o som e começa o set.
E se a Kombosa der aquela engasgada clássica? Nada de drama — dá um tapinha no painel, chama os amigos pra empurrar e segue viagem.

Fabricio Lopes


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